quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

"Sempre a considerar"

Por norma todas as aldeias, cidades, vilas têm a sua personagem. Uma personagem que reina pela palhaçada, frases míticas e atitudes genuínas.

A minha terra tinha uma dessas e chamava Bernix Night, ou Brunix Night.
A verdade é que dava alegria a uma pessoa e era impossível não largar uma forte gargalhada com ele.

Nunca soube a sua história de vida nem por que coisas ele passou. Mas não me esqueço quando dizia repetidamente:
  • “oh nina, quem te fizer mal a ti faz mal ao velho”;
  • "a amizade é que conta";
  • "se houvesse mais pessoas como eu, não havia guerra no mundo";
  • "eu não faço mal a ninguém, só faço mal a mim próprio";
  • "qualquer dia dá-me uma trombose... é mais uma trombada".

Em Torres Novas era ouvi-lo de harmónica aos beiços e ultimamente até uma cadela andava a passear, a sua companheira.

Quando se perdem pessoas tão boas e tão genuínas, também nós perdemos e, neste caso, a cidade perdeu muito.

Cresci a ouvi-lo e a vê-lo, repleto de energia e sempre com um sorriso. 
Tinha os seus vícios… Mas isso nunca alterou quem de facto ele era.


Obrigada Bernix Night. 


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O protagonista de ontem

Ontem o protagonista foi ele e, uma vez mais, temos o jornal i que nos brinca com uma fantástica capa. 

Não foi surpresa para ninguém, confessemos. Estava claro a quem seria atribuída a Bola de Ouro e estava claro que o nosso Cristiano iria levar um belo smoking Sacoor Brothers. Gossip's à parte apesar das questões da imprensa cor-de-rosa sobre o facto da Irina não ter estado presente, nunca liguei a este género de prémios. Nunca liguei muito a futebol... Ah mas fervia quando eram jogos da Selecção Portuguesa. 

Portugal é um país pequeno, país que muitos julgam ser uma província de Espanha, ou um país na América do Sul. É engraçado como o nosso país tem vindo a mudar na boca das pessoas quando falamos de fado ou futebol (Joana Vasconcelos, desculpa-me mas... é só isso, desculpa-me).



Hoje já sabem que o Ronaldo é Português, que o Mourinho é Português, que o fado é Português. Muitos já sabem onde estamos. Até com a Praia do Norte conseguimos entranhar no mundo do desporto e chamar tudo e todos até à Nazaré. 

Somos bons. Temos um ótimo país. Mas isto não chega, não é verdade?
É preciso mais. Mais educação, mais felicidade e mais ambição. E menos. Menos hipocrisia, menos mentira, menos falsidade. 


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O mundo de cada um. O respeito por cada um.

O fanatismo que chega ao expoente máximo da loucura do homem representa uma doença sem classe ou género. O compromisso que se cria com o que cada um acredita, nunca deverá ser traduzido em atos imorais, colocando em causa a vida humana. Não há justificação possível.

Hoje esta é a capa do jornal i, uma capa que, embora simples, chega ao ponto da questão. Charlie Hebdo, um cartoonista francês, que pela sua liberdade de expressão acabou morto como os seus colegas.



Há quem acredite que existe povos com predisposição para a violência. Há quem acredite que cada um é somente aquilo que lhe ensinaram e com que cresceu. Há quem acredite em Deus, há quem não. Mas as crenças de cada um não podem influenciar nunca o mundo do outro.


Portugal, enquanto povo Cristão, parece que ainda não aprendeu, por exemplo, a diferença entre Catolicismo e Cristianismo. É neste ponto que surgem as várias discussões que tenho com os meus amigos. Acreditares em Deus é uma coisa. Acreditares na igreja é outra.

Sugiro, por isso, que se olhe para as Conferências do Casino, nomeadamente para as “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares” dissecada por Antero de Quental, para entendermos de forma rápida a era da inquisição e as palmas do Papado aquando das celebrações de ‘matança’ em plena praça pública.

“É que realmente o cristianismo existiu e pode existir fora do catolicismo. O cristianismo é sobretudo um sentimento: o catolicismo é sobretudo uma instituição. Um vive da fé e da inspiração: o outro do dogma e da disciplina. Toda a história religiosa, até ao meado do século XVI, não é mais do que a transformação do sentimento cristão na instituição católica.”


É urgente ensinar. Para não cair no erro. Para aceitarmos o outro. Para sermos felizes. É urgente dizer que não é assim que isto funciona. Que o fanatismo é mau. Que matar é mau. Que a harmonia é possível, independentemente do que cada um acredita.