quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A Grande Máquina, o Big Brother, o Panopticon

Quanto mais o cidadão metropolitano perdeu a intimidade com os outros, quanto mais se tornou incapaz de olhar os seus semelhantes nos olhos, mais consoladora se torna a intimidade com o dispositivo, que aprendeu a perscrutar-lhe a retina: quanto mais se desprendeu de qualquer identidade e qualquer pertença real, mais gratificante se torna para ele ser reconhecido pela Grande Máquina, nas suas infinitas e minuciosas variantes, da barreira giratória do acesso ao metro à caixa multibanco, da telecâmara que o observa benévola enquanto entra no banco ou anda pela rua, ao dispositivo que lhe abre a porta da garagem, e ao futuro cartão de identidade obrigatório que o reconhecerá, sempre e em qualquer parte, inexoravelmente como aquele que é. Existo se a Máquina me reconhece ou, pelo menos, me vê; estou vivo se a Máquina, que não conhece sono ou vigília, mas se mantém eternamente desperta, garante que estou vivo; não estou esquecido se a Grande Máquina regista os meus dados numéricos ou digitais.

Giorgio Agamben, Nudez, Relógio D’Água, 2010, Pág. 69.

Recomendo o livro O Viajante de John Twelve Hawks


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Cowspiracy

Ontem vi o Cowspiracy.

Muito sinceramente não sei por que motivo levei tanto tempo para o ver. Para além de que eu gosto de saber "com que linhas me coso", quem me controla, o que anda a fazer a Grande Máquina.

A verdade é que sabia que algo ia mudar quando o visse. 

Não, não vos vou dizer que virei vegan ou vegetariana mas um dia quem sabe. Acredito que não é preciso ser extremista a esse ponto, enfim, parte da escolha de cada um.
É de facto um excelente documentário repleto de informação útil que nos faz ver as coisas de maneira diferente. Para quem não viu, não espere encontrar vaquinhas e serem mortas sem dó nem piedade ou imagens das condições degradantes em que são criados os animais que nós comemos. Preparem-se sim para ouvir factos reais sobre o mundo onde vivemos.

 

Sabiam que para um litro de leite é necessário mais de 3.000 litros de água e que a produção de um quilo de carne de vaca representa cerca de 15.500 litros de água? Confesso, eu não sabia. Com a informação mesmo à nossa frente, continuamos a não querer ver uma série de coisas.

Se um vizinho vosso deixasse a torneira ligada de forma a inundar a cidade, não diriam “desligue isso, sff”?

Isto para não falar que a maior parte da floresta amazónica perdida foi substituída pelo quê? Pastagem de gado! Os pulmões da terra, o que nos dá oxigénio, o que nos permite viver em equilibro… tudo está a ser destruído de segundo para segundo.

 

Portugal tem cerca de 10 milhões de habitantes, a China cerca de 1 bilião e os EUA cerca de 326 milhões. 
Somos poucos mas podemos mudar o mundo.



O planeta tem-nos dado tanto e nós temos retirado tudo! Não digo para serem radicais mas considerem aplicar alterações na vossa alimentação…