Por norma todas as aldeias, cidades, vilas têm a sua personagem. Uma
personagem que reina pela palhaçada, frases míticas e atitudes genuínas.
A minha terra tinha uma dessas e chamava
Bernix Night, ou Brunix Night.
A verdade é que dava alegria a uma pessoa e era impossível não
largar uma forte gargalhada com ele.
Nunca soube a sua história de vida nem por
que coisas ele passou. Mas não me esqueço quando dizia repetidamente:
- “oh nina, quem te fizer mal a ti faz mal ao velho”;
- "a amizade é que conta";
- "se houvesse mais pessoas como eu, não havia guerra no mundo";
- "eu não faço mal a ninguém, só faço mal a mim próprio";
- "qualquer dia dá-me uma trombose... é mais uma trombada".
Em Torres Novas era ouvi-lo de harmónica aos beiços e
ultimamente até uma cadela andava a passear, a sua companheira.
Quando se perdem pessoas tão boas e tão genuínas, também
nós perdemos e, neste caso, a cidade perdeu muito.
Cresci a ouvi-lo e a vê-lo, repleto de energia e sempre com
um sorriso.
Tinha os seus vícios… Mas isso nunca alterou quem de facto ele era.
Obrigada Bernix Night.